Andam muitos (?) pais receosos que os seus filhos sejam prejudicados com o tão propagado clima de instabilidade instalado nas escolas portuguesas.
É inegável que a maioria dos professores portugueses não se sente bem com tudo o que lhes está acontecer. Não há que escamoteá-lo. Mas muitos professores são também pais. E muitos mais são profissionais sérios.
Desde o início deste infeliz processo que têm advogado o direito de serem, acima de tudo, PROFESSORES.
Se alguma vez algum professor falou aos seus alunos sobre os problemas decorrentes da ADD, isso terá sido no contexto de questões postas pelos alunos. Estes, têm também o direito de serem informados. Afinal são uma das partes mais próximas.
Não vale a pena vir o patrão da CONFAP com flique-flaques para a frente e para trás, com supostos receios de eventuais prejuízos para os alunos. Não vai haver greves às avaliações, muito menos aos exames. E quanto ao desenvolvimento normal do processo de ensino-aprendizagem, poupe-nos a sua nazítica imagem na televisão, que não é por aí que os alunos serão prejudicados.
Na longa e árdua caminhada que tem sido a nossa luta, mais uma jornada se realiza hoje.
Vamos a Santarém manifestar-nos.
Como sempre. Sem medo. A uma só voz. Ombro a ombro. Em unidade.
Eis a tempestade que aí avança.
Depois de um fim-de-semana mais ou menos sereno, veio a 2ª feira dos prós e contras e, mais uma vez os ânimos a aquecerem para as manifs distritais que vão marcar esta semana de luta.
Depois de um anúncio, recebido com alguma desconfiança por um largo sector docente, que a FENPROF ia apresentar 6ª feira à ministra uma proposta de avaliação "para salvar o ano lectivo", o fantasma do famigerado Memorando de Entendimento voltou a assombrar o nosso quotidiano.
O receio que um Memorando II esteja em preparação agitou o debate. Felizmente a Plataforma, através de Mário Nogueira, veio sossegar as hostes. A suspensão deste modelo de avaliação é para manter.
Depois de 8 de Março, muitos professores não se reviram nas decisões tomadas pelos sindicatos e foram muito críticos relativamente às suas actuações. Mas quando o sino da unidade tocou a rebate, mais de 80% de nós respondeu; ultrapassou as diferenças, cerrou as fileiras num histórico quadrado e resistiu. Uma após outra, primeiro timidamente, depois, com a força da razão, as escolas foram suspendendo o processo de avaliação imposto pelo ME. E a Plataforma Sindical viu o seu mandato reforçado.
120 mil responderam à chamada. Mesmo depois de terem sido apodados de chantagistas e guerrilheiros, acusados de intimidar os colegas favoráveis ao ME, ameaçados com as mais severas penas, os professores não recuaram. Mais escolas pararam a avaliação.
A Plataforma tem agora o apoio expresso dos professores.
Hoje foi a região Norte, amanhã será o Centro, depois, a Grande Lisboa e 6ª feira o protesto chegará ao Sul.
Atingimos um ponto de difícil retorno. Agora é o tudo ou nada.
A luta vai ser dura. Assim nos consigamos manter unidos.
Agora foi a vez do ministro da Segurança Social e do Trabalho andar em peregrinação a reunir-se com os professores, presumivelmente militantes do PS.
Entre outras banalidades, afirmou, pelos vistos, que "... não há alternativas credíveis a este modelo de avaliação..."
É caso para questionar se não há ninguém mais credível para falar de Educação do que um ministro da Segurança Social e do Trabalho...
Ao que leva o desespero.
A ministra da Educação assegura que o processo de avaliação dos professores "está em curso em todas as escolas... Não está suspensa a avaliação, não pode estar suspensa. Insisto: não se pode pedir a suspensão da avaliação... ", disse Maria de Lurdes Rodrigues... (Lusa/EDUCARE 2008-11-17)
Esta pessoa não existe. Parece o ridículo ministro da informação do Iraque a dizer que estava tudo normal, quando os tanques já entravam em Bagdad.
"Não está suspensa a avaliação, não pode estar suspensa..."
É para convencer quem? À própria?
"... Insisto: não se pode pedir a suspensão da avaliação..."
Ai não? Mas quem é que pede o que quer que seja? As escolas agora já não pedem a suspensão. SUSPENDEM.
Se o assunto não fosse tão sério, seria tragicómico. Simplesmente patético.
Vídeo da Marcha da Indignação. Para não ficar no esquecimento.
Finalmente um acordo entre os representantes dos Professores e a tutela.
O Memorando de Entendimento divulgado esta madrugada após sete horas de negociação entre a Plataforma Sindical e o ME vem mostrar que vale a pena lutar quando a luta é justa.
Mais do que cantar vitória, o facto de haver um acordo, e ninguém duvida que houve cedências de parte a parte, mais do que os recuos e os avanços, são as aproximações (as “harmonizações”, como diria a nossa veneranda ministra) que afinal vão permitir que melhores condições de trabalho regressem às escolas, onde os Professores, mais do que tudo, querem exercer a sua profissão com a dignidade que têm direito.
A leste devem ficar as razões porque o ME cede ou recua. “Razões eleitoralistas” clama o patético dirigente-chefe do PSD. “Incompetência”, classifica o PP. “Vitória de uns, recuos de outros”, opina o PC.
No entanto, este foi apenas um primeiro passo para que a serenidade necessária impere neste final de ano lectivo. Agora há que continuar a estar atentos e a trabalhar como até aqui.
A grande batalha da educação também se faz nas pequenas lutas do dia a dia.
Hoje, os Professores podem estar orgulhosos do resultado da sua porfia e da sua união. Afinal 100 mil vozes em protesto sempre são relevantes.
2ª feira regressamos ao trabalho com a convicção que outros desafios virão, mas que unidos venceremos.
Mais uma vez a presença do PM é secundada por manifestações de populares. Desta vez, foi a sua ida à sede do PS para uma reunião com professores do seu partido para discutir problemas da Educação. Já se torna normal. Só que, desta, a manifestação tinha sido convocada via sms, anónima... Não foram referenciados elementos conotados com partidos ou sindicatos.
Em declarações aos media, o PM diria "... É óbvio que são militantes...". Sem os especificar.
Não acredita o PM que a manifestação fosse espontânea, tinha de ser organizada por uma qualquer estrutura partidária.
Cada um acredita no que quer. Quem está no terreno e refiro-me aos professores que dão aulas, sabe que o descontentamento na classe já extravasou há muito o enquadramento sindical ou partidário. Aliás, os professores sindicalizados são cerca de 30% de um universo de 150 mil. Dos restantes 70%, a maioria nunca foi sequer sindicalizada.
É lamentável a leveza com que o PM diz que são militantes. Sou sindicalizado e aderente a um partido e nem um, nem outro me convocaram para a referida manifestação.
Antigamente, quem não era do Estado Novo era comunista. Hoje, é da oposição.
Os professores nunca primaram pela união, infelizmente para os próprios. Se assim não fosse, há muito que tinha havido uma vaga de fundo e não estariam agora a sofrer na pele o que lhes é imposto. É por isto e tudo o mais que o PM nos passou mais um atestado de incapacidade, o de se manifestar sem sermos manipulados por forças ou estruturas estranhas.
Post Scriptum: Para que conste, não concordo nem nunca participaria NESTA manifestação.
. Medos
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. “Vaia de professores deix...