Embora o modelo de avaliação que o ME quer impor aos professores portugueses seja decalcado do modelo do Chile, nem por isso preconizo, que por estas bandas, se recorra aos processos chilenos para se manifestarem.
Veja a seguir o que uma aluna chilena fez à sua ministra da educação. Já sei que me vão dizer que os nossos alunos foram um pouco mais longe... utilizando ovos e tomates, mas como professor, nunca poderei estar de acordo.
A ministra da Educação assegura que o processo de avaliação dos professores "está em curso em todas as escolas... Não está suspensa a avaliação, não pode estar suspensa. Insisto: não se pode pedir a suspensão da avaliação... ", disse Maria de Lurdes Rodrigues... (Lusa/EDUCARE 2008-11-17)
Esta pessoa não existe. Parece o ridículo ministro da informação do Iraque a dizer que estava tudo normal, quando os tanques já entravam em Bagdad.
"Não está suspensa a avaliação, não pode estar suspensa..."
É para convencer quem? À própria?
"... Insisto: não se pode pedir a suspensão da avaliação..."
Ai não? Mas quem é que pede o que quer que seja? As escolas agora já não pedem a suspensão. SUSPENDEM.
Se o assunto não fosse tão sério, seria tragicómico. Simplesmente patético.
Segundo os media, a Ministra da Educação foi enxovalhada com uma chuva de ovos à chegada a Fafe para uma cerimónia (mais uma...) de entrega de diplomas do Programa Novas Oportunidades. Esperava-a uma manifestação de estudantes que protestavam contra o regime de faltas do Estatuto do Aluno. A ministra nem chegou a sair do automóvel que a transportava, face ao ambiente criado, com intervenções da GNR de permeio.
Como Professor, nunca poderia estar de acordo com a actuação dos estudantes, mas quem semeia ventos, acaba sempre por colher tempestades. A política educativa deste governo, eivada de facilitismo para os discentes, mas de permanente confrontação com os Professores face à opinião pública, a que os Alunos não são indiferentes, tinha de conduzir a este tipo de atitude. Não é impunemente que se menospreza, desrespeita e humilha o papel do Professor.
Agora, só falta ouvir a ministra e os seus apaniguados acusarem os Professores de estarem por detrás da manifestação. Aliás, o mote já foi lançado por João Soares: "... o clima de contestação generalizada dos professores empurrou os alunos para..." (in Programa Frente a Frente da SIC, hoje, 11 de Novembro de 2008).
Entretanto, dizem-me que os videos amadores colocados no Youtube sobre a "chuva de ovos" têm sido sistematicamente retirados. Não pude confirmar. Nem quero pensar que pode ser verdade.
"...A ministra, que falava aos jornalistas à margem do 2º Encontro de Educação de Anadia, disse que não há escolas a rejeitar a avaliação, mas sim alguns professores, e que a maioria dos estabelecimentos de ensino e dos docentes está a fazer um esforço, no quadro da autonomia das escolas, para implantar o sistema de avaliação..." (in www.sapo.pt, citando a Agência Lusa, 31 de Outubro de 2008)
O negrito é nosso. Falta ainda referir que a ministra lá veio também com o papão/chantagem de "...não há avaliação, não há progressão...".
Até ontem, a lista dos Agrupamentos e Escolas não Agrupadas que decidiram suspender este modelo de avaliação (NÃO É O MESMO QUE DIZER QUE NÃO QUEREM SER AVALIADOS!) já ultrapassava as oito dezenas. Ninguém falou em rejeitar a avaliação, só a ministra é que falou. Alguém calculou que seriam cerca de 500 as escolas que já tomaram essa posição de suspensão.
Quanto à progressão, é mesmo só poeira nos olhos. Depois do último bodo aos pobres dos prof.s, quando progrediram uns quantos que estavam à queima quando as progressões foram congeladas, antes de 2010, isto se não se lembrarem de mais nada para nos complicar a vida, não vai haver NADA para ninguém. E pelo andar da carruagem, existirão professores que NUNCA mais vão progredir.
NOTA: Não coloco nenhuma fotografia da dita cuja neste post. É demasiado deprimente.
. Cuidado com as imitações....