Segunda feira dia 19 voltarei a fazer greve. Pelas razões já expostas neste blog e que são, por demais conhecidas.
Não me acusa a consciência de ser numa 2ªfeira. Tenho mais uma razão a acrescentar. Só tenho uma turma, que por horário, é dos cursos profissionais. Como esses alunos têm obrigatoriamente um número fixo de aulas, terei de "repor" a aula um dia destes. Faço greve, é-me descontado um dia do vencimento, mas sou obrigado a dar uma aula "à borla" porque, apesar do que diz o sindicato, ninguém ma vai pagar essa aula extraordinária. O direito à greve, consignado por lei, não é igual para todos.
Quando me dizem que os professores são privilegiados porque têm o seu ordenado fixo no fim do mês, só gostava de saber que sociedade é esta, em que um direito se transformou em privilégio. Que sociedade é esta em que as grandes conquistas sociais conseguidas pelos trabalhadores nos finais do século XIX e inícios do século XX estão a ser-lhes delapidadas uma a uma?
Acabei de ouvir no noticiário das 13H00 na RTP1 que Jorge Pedreira teria dito que se os sindicatos mantivessem a greve do dia 19, que as "benesses" concedidas pelo ME seriam retiradas. Assim, sem mais. É algo que me escapa. Daquela gente já tivemos de tudo. Tudo é de esperar e é possível. Mas isto? Assim?
Não sei se estou abismado ou revoltado. Tenho de digerir isto antes de voltar ao assunto.
Na Escola Secundária do Entroncamento, tradicionalmente muito renitente a greves, teve às 11H45 uma adesão de 95%!
Os Professores que optaram por não ficar em casa, juntaram-se às 09H00 junto aos portões da Escola. Cerca das 10H00 iniciaram um desfile em direcção à Praça Salgueiro Maia, onde se encontraram com os Colegas de outras escolas do concelho. Após um sempre salutar e necessário convívio, pelas 11H00, os professores encaminharam-se para a Câmara Municipal de Entroncamento. Um comissão de cinco elementos, foi recebida pelo Presidente da Câmara e pelo Vereador da Educação. A Prof.ª Lia, porta-voz dos docentes, fez uma apresentação oral do histórico e das razões da nossa luta. Dos Autarcas foram recebidas palavras de encorajamento, apoio, compreensão e solidariedade que calaram fundo em cada um.
À hora em que escrevo este post, ainda não há números definitivos da Greve Nacional, mas no Entroncamento, já se fez história.
HOJE ESTOU DE GREVE!
Por mim,
Pelos meus Colegas,
Pelos meus Alunos,
Pela Escola Pública,
Pelo Ensino,
Pela Educação,
Por PORTUGAL.
Às 09H00, estarei à entrada da minha Escola. Junto ao portão. Hoje não entro. Convido quem quiser aderir a fazer o mesmo. Não é nenhum piquete. Não é para chantagear quem quer que seja. Muito menos intimidar. Apenas tornar mais visível a nossa luta. De cara descoberta.
Às 11H00 estarei na Praça Salgueiro Maia. Com os Colegas de todas as Escolas do Concelho. Iremos à Câmara Municipal entregar um documento com as razões da nossa greve.
Isto já não vai, nem com ovos, nem com tomates. A reunião da ministra com a FENPROF hoje, para discutir alterações ao regime dos concursos, durou pouco mais de cinco minutos, com a saída dos dirigentes sindicais, dada a inflexibilidade da senhora. Da reunião de amanhã, também já pouco haverá a esperar. Aliás a FENPROF, através de Mário Nogueira, já avisou que repetirão o abandono se a ministra não suspender esta avaliação. É por isso que já há muito quem defenda outras formas de luta mais gravosas. Não será porventura uma greve às avaliações, porque não tem sentido. Finda a greve, as avaliações terão de ser lançadas, mais dia, menos dia. O pior disto tudo são as consequências dentro do funcionamento das escolas. Um ou dois dias de greve pouca mossa farão aos alunos. Mas a continuação deste clima de contestação, por muito que os professores não queiram, vai ter inevitavelmente repercussões negativas no aproveitamento dos alunos, até porque os professores são humanos, têm limites físico e psicológicos e, como a situação se encontra, não conseguirão dedicar-se a 100% às suas funções, que são ensinar.
. GREVE