Para quem a procura pela primeira vez, a melhor altura do dia é de manhã, acedendo através da Estrada da Ilha, vindo do Parque de Campismo.
Após uma lomba, a Ilha surge com todo o seu esplendor, iluminada até aos mais ínfimos pormenores, pelo sol que está nas nossas costas. Uma imagem nítida, onde dominam os verdes e os castanhos que o pessegueiro que lhe deu o nome há muito que feneceu.
A sua forma curiosa, que lembra vagamente um cetáceo, é dominada ao alto pelas ruínas muito degradadas de um forte que, segundo apurei, ainda era utilizado no início do século XX, salvo erro, pela Guarda Fiscal.
Um olhar mais atento, revela a existência de estruturas arqueológicas relativamente bem conservadas: tanques de salga de peixe, do período da dominação romana.
De tarde, com o sol por detrás, a Ilha em contra-luz adquire auras de mistério, qual Avalon a surgir das brumas. Os contornos, antes tão precisos, perdem definição e tormam-se trémulos sob o efeito da reverberação do calor nas areias. Se o mar estiver calmo, envoltas pela neblina de fim do dia, as gaivotas enchem o ambiente de gritos, como que a invocarem o regresso de Artur, de Excalibur empunhado, em demanda da sua Guinevere.
E se o vento não soprar, vale a pena ficar em silêncio no areal, cada vez mais vazio de humanos mas pleno de sons e de cheiros, numa experiência única, vivida entre o limiar da fantasia e do místico.