O caminho tem sido longo, difícil e tortuoso. Muitas vezes senti as forças fraquejarem. Afinal somos humanos. Mas também sinto essa partilha, essa transferência de energia que vem do facto de nos sentirmos unidos, de sabermos que não estamos sozinhos. Que se um for abaixo outro virá em seu auxílio para reerguer esta bandeira de luta que é de todos. Não é o desespero que leva ao tudo ou nada irracional. É a convicção serena de sabermos que estamos certos e que um dia venceremos.
Foi uma das palavras de ordem mais ouvidas esta noite em Santarém.
Dois mil, três mil ou até mais professores deram corpo a mais uma jornada de protesto.
A noite fria aqueceu com o calor humano. Do Largo do Seminário ao Governo Civil, foi uma marcha que encheu de vozes as ruas de uma cidade quase deserta.
Amanhã será o Sul.
Se as negociações de 6ª feira não resultarem, 4ª feira próxima será a Greve Nacional.
Na longa e árdua caminhada que tem sido a nossa luta, mais uma jornada se realiza hoje.
Vamos a Santarém manifestar-nos.
Como sempre. Sem medo. A uma só voz. Ombro a ombro. Em unidade.
Ergue-te
(Luís Costa)
Olha-te no espelho!
Vê o deserto incolor
Em que o teu ego,
Em desassossego,
Se transformou
E diz-me, professor,
Ainda te reconheces?
Ainda sorri
Esse rosto que vês,
Ou olha para ti
Sem te ver,
A perder nitidez?
E diz-me, doutor,
Ainda te reconheces?
Vê as asas de condor,
De todo o teu tamanho,
Que servem para voar!
Não és anho de rebanho
Feito para pastar!
E diz-me, pensador,
Não te reconheces?
Quantas tubas sonoras
Precisas para acordar?
Quantos alhos de agror
Vais ainda mastigar?
Quantas Pandoras
Vão ter de tombar?
Quantas copas de humilhação
Vais ainda beber?
Quanto vais ter de sofrer
Para te ergueres do chão?
Diz-me, professor!
DIZ-ME, PROFESSOR!
Amanhã, dia 27, o encontro é em Santarém às 21H00 no Largo do Seminário.
Lá nos encontraremos.
Eis a tempestade que aí avança.
Depois de um fim-de-semana mais ou menos sereno, veio a 2ª feira dos prós e contras e, mais uma vez os ânimos a aquecerem para as manifs distritais que vão marcar esta semana de luta.
Depois de um anúncio, recebido com alguma desconfiança por um largo sector docente, que a FENPROF ia apresentar 6ª feira à ministra uma proposta de avaliação "para salvar o ano lectivo", o fantasma do famigerado Memorando de Entendimento voltou a assombrar o nosso quotidiano.
O receio que um Memorando II esteja em preparação agitou o debate. Felizmente a Plataforma, através de Mário Nogueira, veio sossegar as hostes. A suspensão deste modelo de avaliação é para manter.
Depois de 8 de Março, muitos professores não se reviram nas decisões tomadas pelos sindicatos e foram muito críticos relativamente às suas actuações. Mas quando o sino da unidade tocou a rebate, mais de 80% de nós respondeu; ultrapassou as diferenças, cerrou as fileiras num histórico quadrado e resistiu. Uma após outra, primeiro timidamente, depois, com a força da razão, as escolas foram suspendendo o processo de avaliação imposto pelo ME. E a Plataforma Sindical viu o seu mandato reforçado.
120 mil responderam à chamada. Mesmo depois de terem sido apodados de chantagistas e guerrilheiros, acusados de intimidar os colegas favoráveis ao ME, ameaçados com as mais severas penas, os professores não recuaram. Mais escolas pararam a avaliação.
A Plataforma tem agora o apoio expresso dos professores.
Hoje foi a região Norte, amanhã será o Centro, depois, a Grande Lisboa e 6ª feira o protesto chegará ao Sul.
Atingimos um ponto de difícil retorno. Agora é o tudo ou nada.
A luta vai ser dura. Assim nos consigamos manter unidos.
Agora foi a vez do ministro da Segurança Social e do Trabalho andar em peregrinação a reunir-se com os professores, presumivelmente militantes do PS.
Entre outras banalidades, afirmou, pelos vistos, que "... não há alternativas credíveis a este modelo de avaliação..."
É caso para questionar se não há ninguém mais credível para falar de Educação do que um ministro da Segurança Social e do Trabalho...
Ao que leva o desespero.
A ministra da Educação assegura que o processo de avaliação dos professores "está em curso em todas as escolas... Não está suspensa a avaliação, não pode estar suspensa. Insisto: não se pode pedir a suspensão da avaliação... ", disse Maria de Lurdes Rodrigues... (Lusa/EDUCARE 2008-11-17)
Esta pessoa não existe. Parece o ridículo ministro da informação do Iraque a dizer que estava tudo normal, quando os tanques já entravam em Bagdad.
"Não está suspensa a avaliação, não pode estar suspensa..."
É para convencer quem? À própria?
"... Insisto: não se pode pedir a suspensão da avaliação..."
Ai não? Mas quem é que pede o que quer que seja? As escolas agora já não pedem a suspensão. SUSPENDEM.
Se o assunto não fosse tão sério, seria tragicómico. Simplesmente patético.
Em Reunião Geral de Professores, a Escola Secundária do Entroncamento decidiu suspender a avaliação.
Votaram 127 professores; Votos a Favor:120; Votos Contra: 5; Votos Nulos: 2; Faltaram 7 professores, dos quais 1 por nojo e 1 por atestado médico.
Hoje foi a festa da unidade. Amanhã a luta continua.
Como se previa, a reunião de hoje de manhã, da ministra com a FENPROF, pouco mais durou que uma dúzia de minutos. À entrada, Mário Nogueira dizia que não havia conversação se a ministra não suspendesse este modelo de avaliação, o que efectivamente aconteceu. A ministra disse NÃO à suspensão. A FENPROF não chegou a aquecer os assentos. Em vez do diálogo, ficou a ministra a monologar, o que já estamos habituados.
Entretanto, hoje, às 18H00, está convocada uma RGP na Escola Secundária do Entroncamento, com um ponto único na ordem de trabalhos: Avaliação de Desempenho. Pensa-se que o corpo docente irá manifestar a sua posição formal face à suspensão da avaliação. Espera-se que os professores, de acordo com o que foi manifestado em reuniões de departamento, ratifiquem a decisão de suspender a avaliação, para que a mesma possa ser enviada às instâncias superiores, juntando-se, assim, às centenas de escolas que já tomaram a mesma decisão.
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