Nada melhor para começar o ano do que falar de Amizade. Li o texto que se segue, pela primeira vez, numa revista de um jornal, nos finais dos anos 70. Não trazia autor. Recortei e guardei-o durante anos. Divulguei-o aos meus Amigos, que por sua vez, fizeram o mesmo. Com o tempo, perdi-o de vista. Qual não foi a minha surpresa (e alegria), quando, ao aceitar um pedido de amizade no Facebook, reencontro o texto, desta vez, identificado como sendo de Vinicius de Moraes. É pois, com toda a alegria que partilho convosco, neste meu blog o texto:
"Procura-se um amigo
Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa.... Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.
Vinicius de Moraes"
Para complementar este texto recupero um vídeo que coloquei no Youtube com um belíssimo tema cantado por Herbert Pagani.
Que as luzes dos fogos de artifício não ofusquem nem apaguem as chamas da Fé por um Ano Melhor do que que o anunciado.
FELIZ 2011!
No mesmo dia em que o governo anunciava medidas anti-crise, em que nós, Professores somos um dos atingidos, recebi esta anedota. Não sei se é para rir ou para chorar:
"Um tipo vai a andar pela rua quando, de repente, um assaltante mascarado lhe aponta a arma e diz:
- Passa para cá o relógio!
O coitado dá-lhe o seu Rolex falso e o ladrão reclama:
- O que é isto? Esta m***a não vale nada! Passa a carteira...
O homem dá-lhe a carteira de plástico, imitação de Pierre Cardin e o assaltante encontra nela 3 passes de autocarro, 2 senhas de refeição e cinco euros.
... lixado, o ladrão diz:
- Tu és uma m*** mesmo ... o teu casaco está gasto, os teus sapatos rotos e a única coisa que parece que presta é uma reles imitação barata! Afinal, que m***a fazes na vida?
O tipo responde, quase a chorar:
- Sou professor!
E o ladrão, tirando a máscara, abraça-se a ele e diz:
- Desculpa lá, colega! És mesmo? E ficaste colocado? Em que escola?"
Uma salva de palmas do tamanho de um Estádio da Luz esgotado.
Para os mandantes, que se estão borrifando para a sua saída antecipada, é mais um Professor no topo da carreira que deixam de pagar por inteiro, que vão penalizar, que será substituído por um contratado, um precário que tão cedo não terá a sua vida estabilizada.
A experiência deixa de ter valor, os alunos pouco importam, as Escolas muito menos.
Um colega, com meia dúzia de anos de serviço, dizia-me há tempos: "A minha mochila está sempre pronta; tirando o automóvel, não tenho nada de meu; não tenho casa, não tenho mobília. Eu e a minha namorada encontramo-nos quando podemos..."
A política do economicismo tem de prevalecer, nem que se tenha de transformar este país num território de "carpetbaggers"(*) e "monangambés"(**). Infelizmente.
(*) Mochileiros, aventureiros sem poiso certo
(**) Contratados em Quimbundo
"... gostaria de ver os ciganos acampados no Vaticano e de ver depois a sua reação... " (Comentário de Zé da Burra o Alentejano à notícia em título).
Para quem fechou os olhos quando 6 milhões de Judeus e não só foram exterminados na 2ª Guerra Mundial, o mínimo que se podia esperar era uma acção real e objectiva. Já chega de conversa de chacha. " Res non verba ".
O PM disse que a nossa economia cresceu 1.4, o dobro do que “prudentemente” o Governo tinha previsto e que era 0.7.
Não sei se essa gente não sabe mesmo fazer contas ou está a fazer de nós parvos, o que para o caso vai dar no mesmo.
Situação idêntica se passa com os malfadados chips de matrícula automóvel, ora são gratuitos, ora são pagos.
Vá lá o diabo entender, já que eu não entendo, mas isso sou que me licenciei no antigo ISEF de Lisboa e não ao fim-de-semana na Independente…
Foto: É só buracos... Porto Covo, Agosto de 2010
Há cerca de um ano deixer de postar neste blog. Dirigi as minhas energias para lançar um outro " http://conversas-com-avo-ma.blogspot.com ", onde a pouco e pouco vou deixando as memórias dos meus 60 anos já ultrapassados.
Houve também necessidade de parar, de fazer umas tréguas, para recuperar as forças, dando também à nova ME, um período de "estado de graça", para ver se haveria uma mudança positiva no Estado da Educação.
Já vimos que só as moscas mudaram.
É tempo de voltar à luta.
Vou ver o mar uns dias e depois, assumirei a responsabilidade que me cabe como Professor que sou. Eu sei que há muito quem faça melhor do que eu, mas as grandes batalhas não se ganham só com os grandes generais e as grandes estratégias. Também com os humildes peões. Eu assumo-me como um deles.
"Conversas com Avó-Má" continuará com as minhas memórias.
"Páginas Rasgadas..." será o espelho da minha luta por uma Educação melhor em Portugal.
Em Setembro voltarei.
BOAS FÉRIAS.
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